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ALICE NO PAÍS DAS (FALSAS) MARAVILHAS

  • Danilo Figueira
  • 22 de mar. de 2017
  • 7 min de leitura

A Rede Globo, fazendo coro com a maior parte da mídia brasileira, está promovendo , no “Fantástico”, uma campanha pela aceitação da transexualidade como processo normal e natural. O quadro “Quem Sou Eu?”, traçando paralelos com “Alice no País das Maravilhas” tenta, por algumas semanas, impor esta aberração à mente descuidada de milhões de brasileiros.

O script já é conhecido. Começa com a exploração do drama de pessoas que vivem em conflito com sua identidade ou sexualidade (no caso, começou-se por um menino de doze anos que está sendo ajudado a “virar menina”). Explora-se a agonia que os padrões sociais tradicionais lhes causam, tudo recheado com músicas de fundo e narrativas tocantes, com o testemunho de pessoas que “romperam o padrão”, transformando-se assim em indivíduos supostamente “super-felizes”, e tudo com o respaldo de uma ciência questionável, mais ideológica do que empírica. Assim, ao final de tudo, o resultado será a empatia dos espectadores com quem tem que vencer tais dramas, e o aliciamento da razão, já que tudo é apresentado numa linguagem emocional, mas com suposta chancela científica.

Seguindo roteiros semelhantes, já vimos muitos outros programas e matérias escritas. Através delas, o homossexualismo foi empurrado goela abaixo nas sociedades ocidentais, agora o transexualismo e, escrevam o que estou dizendo, em muito pouco tempo veremos campanhas defendendo que outros distúrbios, a começar pela pedofilia, também têm um componente natural e precisam ter seu espaço para florescerem em paz na sociedade.

Não tenho esperança de que essas tendências diminuirão no mundo. Ele vai mesmo de mal a pior, degradando-se cada vez mais, até que Jesus volte e ponha fim à toda iniquidade. Entretanto, como igreja, “coluna e baluarte da verdade” (conf. I Timóteo 3:15), não podemos ser seduzidos por esses sofismas e tampouco nos calar. Contra todo engano é nossa obrigação levantar a voz!

A transexualidade e a homossexualidade são conceitos diferentes, mas que se tocam em certos pontos. Na ótica cristã e também de uma parte respeitável do mundo acadêmico, que tem cada vez menos espaço na mídia, tratam-se de distúrbios ou transtornos de identidade, fugindo aos padrões naturais. Posso citar, como exemplo, o Dr. Paul R. McHugh, autor de seis livros e pelo menos 125 artigos médicos, ex-chefe da ala de psiquiatria do Hospital John Hopkins, em Baltimore. Ele diz que “a transexualidade é um transtorno mental que merece tratamento, e que a mudança de sexo é biologicamente impossível”. O médico também denuncia que “as pessoas que promovem a cirurgia de redesignação sexual estão colaborando e promovendo uma desordem mental ainda maior” em sua clientela.

Obviamente, cientistas como ele, que refutam a agenda ideológica imposta por entidades poderosas como a ONU e a OMS, não terão voz em programas tendenciosos como o “Fantástico”. Se nós não fizermos a nossa própria busca da verdade, certamente nos tornaremos reféns da farsa.

As matérias contaminadas ideologicamente apresentarão sempre indivíduos supostamente “felizes” por terem assumido sua vida “fora da caixa” (ou “do armário”) e por terem sido ajudados a “se aceitarem como são”. Entretanto, há controvérsias! O próprio Dr. McHugh citou num programa da TV americana um estudo que mostra que a taxa de suicídio entre pessoas transexuais que fizeram a cirurgia de redesignação é vinte vezes maior do que a taxa de suicídio entre os não-transexuais. Dr. McHugh ainda mencionou que estudos da Universidade de Vanderbilt e da Portman Clinic, de Londres, observaram crianças que haviam demonstrado comportamentos transexuais. Ao longo do tempo, de 70% a 80% dessas crianças deixaram espontaneamente esses comportamentos. Isso, certamente, o “Fantástico” não publicará. É ciência que não interessa à sua agenda pervertida, assim como à da maior parte da mídia.

Como igreja, não podemos ignorar o sofrimento psicológico de alguém que não se vê identificado com o seu sexo natural (os chamados transgênero) ou que se vê fisicamente atraído por pessoas do mesmo sexo (os homossexuais). Essas indivíduos vivem grandes dramas por isso e são dignos de nossa compaixão. Já passou o tempo em que se podia jogar na cota da “falta de vergonha” toda e qualquer tendência homossexual. Se é verdade que muitos enveredam por esse caminho a partir de sua própria curiosidade ou promiscuidade, talvez a maioria tenha sido empurrada para ele por ações externas como abuso, ausência ou distorção da figura paterna, rejeição (inclusive no ventre materno), erotização precoce, entre outros motivos. Essas pessoas, portanto, de uma forma geral, vivem enormes conflitos, uma vez que não conseguem se encaixar em padrões que, racionalmente sabem, seriam os normais. Seu sofrimento não pode ser ignorado e nem desdenhado pela igreja.

Entretanto, como se trata de uma confusão de identidade e, como na ótica de muitos cientistas e da própria psicologia até poucos anos atrás (antes da ideologia de esquerda começar a ditar os conceitos), trata-se de um “transtorno”, não podemos concordar que a solução seja ajudar essas pessoas a viverem sua mentira como se fosse verdade, adequando o mundo para que desenvolvam uma anomalia com o status de “natural”.

Um homem enxergar-se como mulher, uma mulher perceber-se como homem ou alguém desejar sexualmente outro indivíduo do seu próprio sexo não é e nunca será normal. Pode até se tornar comum e aceito pela sociedade, já que ela se degrada e a cada dia engana-se a si mesma, mas nunca será natural, porque vai na contramão da natureza ou, se quiser mais especificidade, da biologia. Para entender isto, não é preciso ser cristão ou religioso. Basta ser lógico e não aceitar a manipulação tendenciosa das informações.

Agora, para quem é crente de verdade, há um argumento mais importante que o da própria ciência e ele está na Palavra de Deus, verdade inquestionável para nós. Gênesis 1:27 diz: “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. O que passa disso é, de uma forma ou de outra, fruto das escolhas pecaminosas que fizemos. Nunca obra do Criador!

“Se não é obra de Deus, por que certas pessoas já nascem com tendências homossexuais ou conflitos de gênero?” Perguntas como esta costumam, pelo sentimentalismo, abalar as certezas de muita gente, inclusive cristãos. Vamos com calma! Em primeiro lugar, temos uma minoria de indivíduos que manifestam conflito de identidade sexual antes de receber influência do meio em que vivem, especialmente na família. E mesmo nesta minoria, há que se considerar aqueles que receberam tais distorções ainda no ventre materno. Uma mulher que deseja fortemente dar à luz uma filha, que passa meses de gravidez nessa expectativa e descobre depois que quem está vindo é um menino pode, involuntariamente, transferir toda esta carga de expectativa (ou rejeição) para a criança que está se desenvolvendo em seu ventre. Isso pode explicar muitos dos casos de transexualidade manifestada em tenra idade. Portanto, não coloquemos na conta de Deus certas coisas que se desenvolvem no mundo bagunçado que nós gerenciamos.

Há ainda a influência do mundo espiritual. Esta ótica é só para os da fé. Nem a ciência e nem o “Fantástico” vão considerá-la. Entretanto, nós sabemos que Satanás e seu império trabalham para destruir o ser humano, coroa da criação divina. Uma das formas de fazê-lo é tocar em sua identidade, confundindo-o e posicionando-o em conflito com a vontade de Deus. Não estou com isso sugerindo que pessoas com confusão de gênero ou de identidade sexual sejam endemoninhadas ou coisa parecida (ainda que, quando se lançam a qualquer tipo de promiscuidade ou prática sexual fora da vontade de Deus, os seres humanos se abrem para a influência e, inclusive, a possessão demoníaca). O que quero dizer é que, por trás de toda tendência pecaminosa há um fomento satânico. Isso vale para adultério, violência, pedofilia, homossexualismo, mentira e tudo o que afronta a Palavra de Deus. Sendo assim, pessoas podem receber distorções em sua identidade, mesmo antes de nascerem. Um pacto de feitiçaria ou consagração feita por um ancestral, uma gravidez indesejada, um ambiente de miséria, um pai ausente ou violento, uma mãe superprotetora, um abuso sexual durante a infância ou adolescência, uma aventura sexual promovida pela curiosidade... São inúmeras as portas de entrada pelas quais os inimigos de Deus (homens e demônios) podem distorcer a identidade de alguém.

O que o mundo está nos propondo (talvez, impondo sobre nós) é que ignoremos tudo isso e, ao invés de levar as pessoas a recuperarem sua imagem e orientação natural, tendo uma experiência com o seu Criador, que as ajudemos a construir um mundo onde elas possam viver a mentira que se estabeleceu em suas almas. Um mundo de ilusão, de fábulas... “Alice no País das Maravilhas”.

Não, não podemos participar desse enredo. Como eu disse antes, a igreja é “coluna e baluarte da verdade”, a verdade de Deus, única absolutamente confiável. Ela inclui o fato de que Ele criou o ser humano, “macho e fêmea” e os abençoou para que vivam a sua sexualidade de forma natural e apenas dentro do casamento. A heteronormatividade não vai desaparecer do mundo. Pode ser extirpada das leis e até mesmo da maior parte da sociedade, mas sempre será vivida e defendida pelos que verdadeiramente servem a Cristo.

Isto não significa que vamos nutrir preconceitos contra homossexuais ou transgênero, que vamos rejeitá-los, maltratá-los ou oprimi-los. Muito ao contrário! Significa que os amaremos mais ainda e que, por isso mesmo, continuaremos apontando para eles uma alternativa que não seja a do engano, o convite para que conheçam o seu Criador e o abracem através de Jesus Cristo. Este será sempre o caminho para que voltem a ser o que realmente são. E, se ainda assim, por algum tempo, desejos e sentimentos insistirem em levá-los na direção contrária, que façam a opção do arrependimento e da renúncia que todo verdadeiro cristão tem que fazer, a que eu faço todos os dias diante dos apelos da minha natureza pecaminosa, em reposta ao chamado de Jesus: “Se alguém quiser me seguir, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me” (Lucas 9:23). É melhor pagar o preço pela verdade que conduz à vida eterna, do que iludir-se, tratando a existência humana como se fosse “Alice no País das Maravilhas”.


 
 
 

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AUTOR

Danilo Figueira, escritor, conferencista e pastor sênior da Comunidade Cristã de Ribeirão Preto, casado com Mônica e pai de Monique e Gabriel.

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