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OS INEVITÁVEIS ESCÂNDALOS

  • Danilo Figueira
  • 20 de jul. de 2016
  • 4 min de leitura

Eu estava nos Estados Unidos, quando as repercussões de mais um escândalo no arraial evangélico brasileiro chegaram até mim através das redes sociais. Desta vez, a denúncia de uma pastora nacionalmente conhecida, acusando seu esposo, também pastor, de pedofilia... Foi o suficiente para abalar os alicerces de muita gente e para espalhar como fogo a maledicência, os julgamentos precipitados e as generalizações irresponsáveis. O Facebook virou, uma vez mais, um grande tribunal de sujos dando vereditos a mal lavados e a “fofoca gospel” se travestiu de denúncia profética, enganando os incautos ou carnais.

Não pretendo comentar o caso em questão. Não conheço profundamente as pessoas envolvidas e nem a realidade dos fatos. Portanto, se não tenho subsídios ou autoridade para julgar uma situação, prefiro ficar de fora e torcer para que os que têm, ajam com temor, firmeza, sabedoria e misericórdia.

Minha proposta é usar o episódio apenas como argumento para refletir sobre os escândalos. Talvez, quase tão impróprios quanto eles, sejam as nossas reações. Na verdade, a corrupção publicada de um cristão, muitas vezes, põe à luz a imaturidade e a carnalidade de muitos outros.

O que Jesus falou sobre os escândalos? Como devemos nos portar diante dos tais? Gostaria de pensar com você sobre isso...

Em primeiro lugar, o Senhor disse que “é inevitável quem venham os escândalos” (Mateus 18:7). Queiramos ou não, vez por outra, seremos afetados por eles. E por que isso acontece? Porque estamos num mundo de homens e, inclusive, a igreja é formada por gente corruptível. No meio dela estão falsos cristãos, fracos cristãos e bons cristãos que, eventualmente, vencidos por uma tentação, rendem-se ao pecado. Seja como for, ou por quem vier, pecados vergonhosos muitas vezes mancharão o ambiente sagrado da igreja. E se isso é inevitável, precisamos aprender a reagir bem e não permitir que a nossa fé se apoie em homem algum, a não ser Jesus de Nazaré.

Quando falo que não podemos apoiar a nossa fé nos homens, nem de longe advogo um cristianismo sem referências humanas. Infelizmente, grande parte dos carnais e dos fracos que foram decepcionados pelo pecado alheio, tem se estribado nisto para defender uma fé sem relacionamentos, sem pastores, sem igreja. Assim, pensam eles (ou querem nos fazer pensar), estaremos livres das decepções.

Grande engodo! O cristianismo proposto no Novo Testamento, só pode ser vivido em comunidade, na submissão a uma liderança espiritual e na inspiração mútua entre os seus membros. Palavras como - “Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus; e, considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que tiveram” (Hebreus 13:7) - só são vivenciáveis quando nos arriscamos a sair do isolamento e do medo e nos inspiramos nos que são modelo, ainda que não ponhamos neles a nossa fé.

Sirvo a Deus há trinta e cinco anos. Ao longo desse tempo, fui entristecido por vários escândalos, às vezes, surpreendido e profundamente decepcionado. Entretanto, nenhum deles e nem todos eles juntos foram suficientes para apagar a marca de homens e mulheres que me inspiraram e seguem me inspirando. Para cada crente que me chocou, eu tenho centenas que me animaram. Para cada pastor que manchou o altar com seu pecado, eu tenho dezenas que o honraram por toda a sua vida. Portanto, a queda de ninguém me abalará, em primeiro lugar porque minha fé está em Cristo e, em segundo lugar, porque o testemunho dos fiéis nunca será apagado pela vergonha de um infiel.

Dito isto, concluo que o escândalo só derruba quem não é firme, fato que não diminui sua malignidade. O Senhor lamentou sua inevitável ocorrência, pensando em dois tipos de gente: os fracos (”qualquer que fizer tropeçar a um destes pequeninos” - Mateus 18:6) e os não crentes (”ai do mundo por causa dos escândalos” - Mateus 18:7). O poder destrutivo do pecado na vida de um cristão abala quem é débil, ou seja, aquele não tem uma fé bem desenvolvida, e também o não convertido, aquele que nem fé tem e, pelo mau testemunho alheio, é desestimulado a ter... Quem é maduro e conhece a perfeição do Nazareno não se abala com a imperfeição dos homens.

Como nem todos têm raízes profundas, justamente por afetar a vida de certas pessoas, Jesus lançou peso sobre quem provoca um escândalo: “melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza do mar” (Mateus 18:7). São palavras muito duras! Elas deixam claro que aquele que causa tropeço aos outros não ficará impune diante de Deus. “Ai dele”, disse o Senhor! Portanto, não podemos brincar com a nossa vida cristã, achando que nossos pecados dizem respeito apenas a nós mesmos. Podemos responder pelo dano causado à fé dos outros... Sendo assim, o melhor que fazemos é vigiar por nossa própria santidade e, se o pecado alheio nos surpreender, olhemos para Cristo e não nos associemos a Satanás, ajudando a colocar no ventilador a sujeira alheia que, espalhada, pode derrubar muita gente da fé.


 
 
 

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AUTOR

Danilo Figueira, escritor, conferencista e pastor sênior da Comunidade Cristã de Ribeirão Preto, casado com Mônica e pai de Monique e Gabriel.

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